Pois é, 1000 capítulos, cá estamos nesse ponto, onde a partir de agora One Piece não tem centenas, mas sim milhares de capítulos. Isso por si só seria muito significativo, mas não basta apenas um número para um rei demonstrar seu verdadeiro poder. O milésimo capitulo do mangá - que por sinal não foi lançado oficialmente - é sem duvida um dos mais simbólicos, e hoje eu to aqui pra explicar porque.
No capítulo 998, tivemos uma surpresa que acredito que muitos fãs, assim como eu, torceram o nariz: “quer dizer que a grande surpresa e hype do capitulo 1000 vai ser algo relacionado ao Ace?”. Sim, o Ace é um personagem legal, importante para o mundo e para o andamento da história, afinal, a culpa do timeskip existir foi dele. Porém, o Ace já morreu, já era coisa do passado, e uma das poucas pontas soltas que deixou - se não a única - foi sua passagem por Wano, e por mais que todos estivéssemos interessados nisso, principalmente agora que conhecemos o Yamato, eu duvido que alguém acreditava que esse seria o grande Hype para o capitulo mil. Então quando tivemos o cliffhanger na última página dupla do capitulo 998, muita gente não gostou, muita gente fez piada e meme brincando com a situação, e até eu, que não estava muito empolgado para esse grande evento - ou pelo menos, estava tentando não estar - me decepcionei, e é claro, quebrei a cara, a presença do Ace nesses últimos três capítulos é extremamente simbólica, e não só isso, toda a sequencia dos últimos capítulos é simbólica, e mais do que isso, ela é coerente com um dos principais conceitos que guia o mangá: O propósito herdado.
O capítulo 100 de One Piece - sim a 900 capítulos atrás - que foi lançado em 9 de Agosto de 1999, quando eu não tinha sequer um ano de idade e que se chama “A lenda começa” abre com uma frase do infame Rei dos Piratas, chamado naqueles tempos longínquos de Gold Roger, que trata exatamente sobre isso, e ela é a seguinte: “Essas coisas não podem ser impedidas. Uma determinação herdada. O sonho das pessoas. O vai e vem das marés das eras. Enquanto as pessoas almejarem por liberdade, essas coisas existirão”. E que frase espetacular que o Oda escolheu para abrir o centésimo capitulo do mangá, afinal, está frase guia toda a história, não só tematicamente, como narrativamente. Ela fala de liberdade, propósito herdado, sonho das pessoas e todos esses são grandes motes da saga (quem aí não se arrepia quando relembra do Barba Negra dizendo que “os sonhos das pessoas não tem fim”?), além de que, essas 3 coisas são o que guiam o formato do mangá. Se você quiser uma explicação bem legal e detalhada sobre isso, tem um vídeo do Matheus do canal All Blue que explica isso muito bem, detalhe, esse vídeo é de mais de 6 anos atrás.
Se você não estiver interessado em ver o vídeo por qualquer que seja o motivo, eu dou uma resumida. A fórmula de One Piece não é segredo pra ninguém: chega numa ilha, essa ilha passa por uma opressão, os protagonistas se dividem, rola muita bagunça e porrada no meio do caminho, flashback triste de alguém, lutas dos protagonistas secundários contra os vilões secundários e encerra numa grande luta contra o vilão final por parte do Luffy, e no epílogo tem uma festa e uma fuga conturbada. Sim, isso todo mundo conhece, mas por incrível que pareça, as pessoas não conhecem uma outra fórmula, que é baseada na frase do Roger do capítulo 100. Tudo é baseado em 1- o sonho de uma pessoa, 2- O tempo passar, 3- O propósito herdado. Duvida? O Hiluluk tinha o sonho de curar todas as doenças, morreu sem realiza-lo, entretanto anos após sua morte, seu filho adotivo, Chopper, herdou este propósito e saiu para o mar. O Zeff sonhava em encontrar o All Blue, sem sucesso, sua vida como pirata acabou de maneira trágica, porém ainda assim conseguiu criar o Sanji, que herdou seu propósito anos a frente. A Kuina sonhava em se tornar a maior espadachim do mundo, morreu sem conseguir, com isso Zoro ainda hoje, anos a frente continua em busca do propósito herdado de sua amiga, para que ela escute o nome dele chegar aos céus. E se você acha que isso é só com os protagonistas, bem: Calgara e Norland ao se despedirem, prometeriam que se reencontrariam, Calgara tocaria o sino de Shandora para que seu amigo nunca se perdesse no caminho. Infelizmente, esse reencontro não aconteceu, Jaya foi enviado aos céus e dominada pelo povo de Skypea, onde Calgara passou a vida lutando para retoma-la e tocar o sino simbolizando que a ilha estava no céu, e Norland nunca conseguiu a encontrar novamente, tendo sido executado e chamado de mentiroso o resto da vida por isso. Seus descendentes, Wiper e Cricket, 400 anos mais tarde, ouviram o sino novamente sendo tocado por Luffy. Wiper cumprindo a promessa de seu ancestral, e Cricket provando que o dele não era um mentiroso. E até mesmo agora em Wano, onde Oden sonhava com a abertura de seu país e morreu sem ver isso acontecendo, então 20 anos a frente, seus retentores, seus filhos, o Luffy e até o filho de seu assassino estão lutando para isso. E essas fronteiras abertas, tem algo a mais, elas envolvem o propósito do Joy Boy herdado pelo Roger, e que será herdado pelo Luffy. Enfim, eu poderia dar diversos exemplos, mas acho que vocês já sacaram a idéia né? O vídeo é bem interessante, ele aborda bem esse tema, e faz uma teoria sobre o sonho do Joy Boy e como ele se relaciona com o final do mangá, mas por hora, isso não é relevante.
Tá bom, mas onde entra o Ace nessa história toda? Ok, não sei se vocês se lembram, mas um dos motivos do Barba Branca ter feito toda a merda que fez em Marineford, foi pelo fato dele acreditar que quem herdaria o propósito do Roger seria o Ace, afinal, quem melhor que o próprio filho do Rei dos piratas para herdar o sonho dele? Ele fez uma aposta na nova geração, tal qual o Shanks fez com seu braço ao sacrifica-lo pelo Luffy, porém diferente do ruivo, ele apostou de forma errada. E no final de sua vida, quando ele dá aquele discurso fantástico, falando sobre o que? Exatamente, propósito herdado, ele fala para o Barba Negra que não é ele quem o Roger espera, que o propósito do Roger será herdado por outra pessoa, e um homem com o peso de gerações nas costas vai encontrar o tesouro e desafiar o mundo, e por isso ele dá sua declaração final dizendo que o One Piece existe, para que a próxima geração se inflame novamente, tal qual fizeram quando o Roger em sua execução iniciou A Grande Era dos Piratas. E agora, quase 500 capítulos após o discurso do Barba Branca, 1000 capítulos após a fala do Roger ser dita em páginas para o mundo a primeira vez, Yamato, o fã número 1 de Oden e filho de seu algoz, Kaidou, em conversa com o Momonosuke, o filho mais velho do próprio Oden, que nasceu no navio do Newgate e esteve no Oro Jackson, diz que acreditava quem quem herdaria o propósito do Roger seria o Ace, assim como o Barba Branca, mas se lembrou da vez em que o Punhos de Fogo contou o sonho de seu irmão mais novo, de se tornar o Rei dos Piratas, e percebeu quem de fato herdou o propósito do Roger, e mais ainda diz a frase do Oden “Daqui a mais de 20 anos a próxima geração de piratas liderará a próxima era. Eles chegarão no Novo mundo. E se eu morrer então serão eles a derrotar o Kaidou”. SIM CARALHO, SIM! Puta merda, me arrepiei e chorei umas 3 vezes nesse parágrafo. Cá estamos nós, diante do capitulo onde a nova geração está de frente com o Kaidou. Não estamos falando só do Luffy; Kidd e Law, seus maiores rivais estão juntos dele, Zoro seu braço direito, e Killer o braço direito do Kidd também, os 5 principais supernovas, que estavam juntos quando o Luffy acertou em cheio a cara de um Dragão Celestial, hoje se encontram para enfrentar os dois imperadores, porque o Kaidou não está sozinho, a Big Mom está junto. Nada, NADA é mais representativo que isso. Kaidou e Big Mom fizeram parte da tripulação do Xebec, que foi dissolvida após ser derrotada pelos esforços em conjunto do Roger e do Garp, o pai do Ace e o avô do Luffy respectivamente. Há 99 capítulos atrás, no 901, o Morgans comemorava a fuga do Luffy do território da Big Mom, afinal ele acreditava que o garoto do chapéu de palha fosse um candidato de primeira a herdar o trono, ele pensava que o próximo Rei, seria alguém da pior geração. Há 199 capítulos atrás, no 801, o Doflamingo fazia o discurso de abertura da grande batalha pelo trono que viria a ocorrer nos mares, agora que ele, aquele que controlava as feras do mundo, estava fora do jogo, ele questionava quem seria o próximo Rei, os schichibukai? Os Imperadores? Ou os “pirralhos da pior geração? E agora os principais pirralhos da Pior Geração estão de frente com os Imperadores, prestes a travar a batalha decisiva. Afinal, com a queda de Kaidou e da Big Mom, o mundo de One Piece, que estava em um certo equilíbrio, vai romper de vez, as tais engrenagens que o Law a pouco mais de 300 capítulos atrás falou que estava destruindo. Como será tudo? Como Luffy, Law e Kidd serão vistos em relação a isso? E seus outros rivais? Hawkins e Apoo que também estão em Wano ou Urouge, como o Barba Negra e o Shanks vão agir? E a marinha e o Governo Mundial, os revolucionário? Enfim, o equilíbrio será desfeito, dois imperadores cairão, e quem vai derrubar vão ser os jovens que liderarão a nova geração de piratas.
Tudo isso seria perfeito, lindo e maravilhoso, mesmo que no discurso do capítulo 999 o Yamato cite destino, e isso me cause uma repulsa gigantesca. One Piece é sobre liberdade, vai ser uma merda se o motivo do Luffy ser o Rei dos Piratas for ser neto do Herói da Marinha, ou filho do Homem mais Procurado do Mundo, ou irmão de criação do filho do Rei dos Piratas, ou sequer porque seu sobrenome tem D. no meio. Isso seria horrível, iria contra todos os conceitos básicos da obra, e aparentemente é o que deve rolar. O mesmo erro de Naruto. Eu quero que o Luffy seja o Rei dos Piratas, porque herdou o propósito do Roger ao ouvir o Shanks contar as histórias e suas aventuras para ele. Sim o Shanks faz parte dessa equação também, sim desde o capítulo 1, mais de 23 anos atrás. Mas que seja, eu não quero me preocupar com isso agora, quando o Oda fizer essa cagada, eu venho aqui e faço outro texto sobre. Eu quero falar sobre como toda essa simbologia foi perfeita, mas tem um plus. O Kinemon, em nome dos retentores de Oden, após ser derrotado pelo Kaido, chora de vergonha e pede que o Luffy carregue o fardo, ou melhor, herde o propósito do Oden e do país de Wano, e tudo isso enquanto o Kaido e a Big Mom estão querendo mostrar sua superioridade, desafiando o Luffy a falar na cara deles o que ele tinha dito em outras oportunidades, longe e em segurança. E ele faz, ele salva seus amigos, desvia do porrete do Kaidou, e acerta um soco na cara dele reafirmando quem ele é. Ele é Luffy do Chapéu de Palha, aquele que superará ambos e o único que vai se tornar o Rei dos Piratas.
Por fim, eu tenho um carinho especial por esse capítulo que creio que quase ninguém de todo o fandom mundial tem. O soco do Luffy no Kaido. O que quero dizer? Sim, todo mundo se arrepiou com esse soco, não estou dizendo que sou exclusivo por isso, MAS, lá por meados de 2012/2013, quando eu vi o Luffy usando o Red Hawk e depois o Elephant Gatling Gun na ilha dos homens peixes, eu fantasiei com uma fusão desses dois golpes, que eu tomei a liberdade na época de chama-lo de Gomu Gomu no Meteor Rain. Bom, anos se passaram, e isso nunca aconteceu, eu jurava que seria essa técnica que derrubaria o Doflamingo, e não foi. Porém ela veio agora, pra derrubar o Kaido, e com toda a simbologia do Ace, afinal as técnicas de fogo do Luffy são uma grande homenagem a seu irmão mais velho, e aqui está ele, usando-a, herdando o propósito dele quando esteve em Wano e prometeu que retornaria para derrotar o Kaido. Simplesmente perfeito. Lógico, eu pensava em uma chuva de meteoros, não um só. Mas, eu sei que ele existe, mesmo que o Luffy nuca use, eu sei que ele PODERIA, e isso pra mim já é suficiente.
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