segunda-feira, 12 de abril de 2021

Por que eu não gostei tanto do capitulo 1010 de One Piece?

 Essa semana o fandom do mangá do pirata que estica ficou alvoraçado e isso se deve ao lançamento do capitulo 1010 (eu ainda não me acostumei com o número), e por mais que eu tenho gostado dele como um todo, digamos que talvez eu não compartilhe dessa empolgação e vim trazer aqui o motivo:

capítulo oficialmente gratuíto em português no mangáplus

Bom, pra explicar o porquê de não me empolgar tanto com este capítulo, eu tenho que dizer o motivo de todo o resto ter tido essa sensação: Zoro. Sim, o espadachim roubou a cena dessa vez, como já estamos acostumados a ver ele fazendo. Mesmo que o grande cliffhanger desse capitulo tenha sido o provável inicio do embate final entre o Luffy e o Kaidou, a participação do Zoro foi sem duvida incrivel. Além dele finalmente ter utilizado novamente a técnica do Ashura (que não víamos a anos), a Criatura mais Forte do Mundo sugere que ele usou o Haki do Conquistador (ou Haki do Rei, ou Tonalidade Régia, chame como quiser). E verdadeiramente eu consigo compreender o porque os fãs foram a loucura. Eu fui a loucura quando vi o Ashura, fiquei verdadeiramente feliz. Mas a sugestão (e sim, eu vou continuar tratando como sugestão por enquanto) de Haoshoku nem tanto. Não que eu odeie o Zoro, não é bem isso, mas isso acentua algo muito chato no fandom - e o motivo de eu ser tão distante dele - "os níveis". 

Eu honestamente não sei de onde isso surgiu, tenho minhas próprias hipóteses, mas são baseadas em porra nenhuma. Entretanto é algo que verdadeiramente enche o saco. Toda semana tem um vídeo de alguém no Youtube, ou um post em grupo do Facebook sobre qual seria o nível de tal personagem. E honestamente eu acho bem curioso "nível almirante", "nível Yonkou", "nível comandante", "nível primeiro comandante". Toda uma lógica matemática dos fãs de tentar colocar os personagens em faixa de poder de combate e discussões intermináveis sobre o assunto. E isso é um porre, pois parece que o mangá é só porrada, quando na verdade é o contrário. Arrisco dizer, que desde o timeskip (talvez até antes), a historia não se foca em lutas, ele usa os tradicionais duelos do gênero de ação que o mangá está inserido pra desenvolver o plot, ou personagens, ou o mundo. Um exemplo disso pra mim é um dos mais recentes e polêmicos, a luta do Katakuri. Na época, e até hoje em dia, não é difícil encontrar fãs que ficaram frustados com o resultado da luta, onde o Luffy apanha, apanha, apanha e depois de apanhar, apanha mais e depois ainda mais um pouco e no final "vence". Eu já discordo dessa interpretação que o Luffy venceu, na realidade o Katakuri deixou o Luffy fugir, abandonando todo seu orgulho e finalmente demonstrando "fraqueza" ao deitar suas costas no chão. Não porque ele estava preocupado com a Mama, o reino ou qualquer outra coisa, ele só queria ter a oportunidade de enfrentar o Luffy novamente, porque a forma como o chapéu de palha evoluia na luta, aprendia e ficava mais forte o admirou, e pela primeira vez em anos (ou talvez na vida toda) o general doce estava tendo a oportunidade de lutar com tudo o que tinha, sem ter vitórias avassaladoras como o mangá deixa bem claro, e foi uma postura que não existiu desde o início, no começo o objetivo dele era meramente massacrar o Luffy, entretanto ao longo do combate, a forma como por mais que ele tentasse, e o garoto não parava, e não só isso, ficava cada vez melhor ganhou sua admiração. E isso envolve ainda aquela habilidade do Luffy descrita pelo Mihawk durante a Guerra dos Melhores, o Luffy tem a capacidade de trazer todos para seu lado, seja seus antigos oponentes ou até os atuais. O Crocodile em Marineford foi conquistado pelo Luffy (ou vocês realmente acreditam naquele papinho de "não deixar os marinheiros fazerem o que quiserem"?), assim como os Piratas do Barba Branca, ou os membros da Grande Frota, ou o Fujitora, ou até o mesmo o próprio Katakuri. E pra mim é isso que a luta ali quer contar, não é quem é o mais forte, se o Luffy está num " nível primeiro comandante" ou num "nível segundo comandante", fodasse isso honestamente, o que eu quero saber é o que aqueles dois caras esquisitos trocando soco tá me dizendo.


Aí alguns podem me perguntar "ain, você não gosta então só pela reação dos fãs?". E a resposta pra essa pergunta é não. Na realidade esse é o menor porém que eu tenho, o meu maior problema tá que esses feitos demonstram o que? 1 - O Zoro é realmente um cara muito dedicado, que treina se esforça e supera seus limites. 2 - O Zoro está destinado a ser um rei (considerando que ele de fato tenho o Haoshoku). Então vamos lá, sobre o primeiro. Talvez eu seja suspeito pra falar (e já vou explicar o porque), mas o Zoro é um personagem tipicamente de Battle-Shonen, é um cara determinado, que tem o objetivo de ser o maior espadachim do mundo, tem um passado triste, e tenta a todo momento se superar, se tornar mais forte e cumprir sua promessa. Isso é ruim? Não, todos nós acompanhamos milhares de animes e mangás que o protagonista é basicamente isso, o Zoro poderia inclusive ser o protagonista de One Piece. O Naruto é muito similar, o próprio Midoriya é muito similar, e um dos principais motes de Boku No Hero Academia é o "SARA NI MUKUE PURUS URUTORAAAAAAAAA" ou em tradução livre para o inglês "GO BEYOND, PLUS UUUULTRAAAAAAAAAAAAAA" e que para o português quer dizer "Vá além, Plus Ultra" (não vou traduzir isso que fica ridiculo). E pra piorar, Black Clover é BASICAMENTE isso, superar seus limites, ser mais forte e etc. Além disso ser algo recorrente em diversas obras do gênero como Bleach, Fairy Tail, Jujutsu e dezenas de outras, e One Piece não é diferente disso, as maiores representações disso tão justamente no Luffy e no Zoro, sendo o Zoro a mais cuspida de todas. Isso torna o Zoro ou o Luffy personagens ruins? De forma alguma. Mas enquanto o Luffy tem todo um leque de dezenas de outras caracteristicas, que pra mim fazem dele um personagem interessantissimo e único no gênero, o Zoro as vezes me parece só mais um. E de novo, isso não torna ele ruim, mas eu não leio One Piece pra ver o que eu já posso ver em dezenas de outros mangás do gênero, na realidade, o que faz One Piece ser minha obra favorita é que mesmo num gênero tão saturado de trabalhar os mesmos temas de sempre, contar as mesmas histórias, ele se diferencia em diversos outros aspectos que não estão presentes em seus pares. E esse momento do Zoro, pra mim não representou nada além do que eu já leio toda semane em cerca de 40 mangás da Shonen Jump e muitos deles nem precisam ser mangás de ação, tem mangás de esportes, mangás de comédia, e até mangás de culinária que tratam dos mesmos temas.
Lembra que eu disse ser suspeito pra falar isso? Então, por que eu seria? Bem, meu personagem favorito é o Sanji, então pode acabar soando como um Sanjitard simplesmente querendo desmerecer o Zoro (como se espalhar a palavra da Igreja Universal da Cozinha de Sanji fosse de grande importância na minha vida) mas é só uma análise que eu faço, a alguns capítulos eu vi muitas reações negativas do fandom a atitude do Sanji em relação a Black Maria e a Robin quando ele pediu ajuda. Do meu lado eu fiquei verdadeiramente emocionado. Eu pretendia escrever um texto sobre isso na época, mas as correrias da vida acabaram me impedindo de fazer e acabou passando o hype, então vou tentar resumir aqui um pouco. Aquele pedido de ajuda do Sanji mostra um baita desenvolvimento dele, da Robin, da relação deles e inclusive de como ambos evoluiram. Os dois passaram por situações bem parecidas, querendo se sacrificar pelo bando. A Robin sempre teve a crença de que todos não confiavam nela, e o Sanji preferiu resolver tudo sozinho. Em Enies Lobby, quando o Sanji estava lutando contra a Califa pra justamente salvar a Robin, ele não pediu ajuda a ninguém por orgulho. Ali ele entendeu a importância de que todo mundo tem suas limitações, e fazendo uma ligação com a fala do Luffy em Arlong Park, de não poder navegar, usar espadas, cozinhar ou mentir, mas poder derrotar o Homem Peixe. O Sanji não poderia derrotar a Califa, ele não consegue bater em mulher, é uma limitação dele, e pagou o preço por não pedir ajuda. E depois quando ele salva o Sogeking do Jabura, ali mostrou que ele tinha entendido isso quando dá aquele discurso exatamente sobre esse tema. O Usopp não poderia derrotar o Jabura, o Sanji poderia, mas o Usopp poderia salvar a Robin, o que o Sanji não era capaz, assim como ele não podia recuperar a chave da Califa, e quem podia era a Nami. Isso demonstra um sinal de companheirismo, e que o Sanji, ao enfrentar um inimigo gigantesco, seu passado, sua família e um Yonkou em Whole Cake, não reconheceu sua limitação novamente, e decidiu resolver sozinho, como tentou fazer com a Califa, e precisou ir metade do bando se arriscar, causar a maior merda pra ele perceber que ele tava errado, e tava tudo bem pedir ajuda. É interessante, eu não acho que tenha sido uma contradição com o que ele fizera em Enies Lobby, eu acho que foi ele reforçando valores que por mais que ele tenha aprendido naquele momento, acabou falhando com isso quando tinha uma situação muito pior na frente dele, é humano, é norma, todos nós já passamos por esse tipo de situação. E depois de Whole Cake, ele entendeu isso de fato. Afinal, agora, ele estava em um momento onde precisava de ajuda, e mesmo que fosse uma armadilha, ele engoliu o orgulho, e pediu ajuda da Robin, mesmo com o receio da armadilha, ele tinha total confiança e ciência que a Robin não seria derrotada pela Black Maria, e ainda diz que ali não seria útil e decide ir para onde pode ser mais útil. E é por isso que aquele tapão da Robin na Tobiroppo pra mim representa bem mais que o corte do Zoro no Kaidou, tem uma história sendo contada ali, não é só ele se superando. Além de a própria Robin, que sempre foi esquecida, sempre se sentiu como uma traidora, sabia que a qualquer momento seria traída ou traíria alguém, viu uma pessoa que tava pedindo ajuda dela, honestamente, não pra trair ela, mas porque sabia que ele não tinha condições de fazer nada, e sabia que ela por sua vez não deveria se preocupar por reconhecer sua capacidade, pra mim é mais interessante que ver o Ashura de novo (que eu adorei). E não é como se o Zoro não tivesse esses momentos também. Ele demonstra isso quando acerta o Apoo e dá um discurso nervoso para o Queen sobre não estar ali pra gracinhas, ou quando na cena MARAVILHOSA onde ele se sacrifica pelo Luffy em Thriller Bark. Quando o Zoro aceitou ser da tripulação, ele disse ao Luffy que se os objetivos de ambos entrassem em conflito ele mesmo mataria o capitão. E ali entrou, ele estava disposto a dar a sua vida, desistir de seu sonho pelo sonho do Luffy, porque o carisma do Chapéu de Palha fez isso, aquilo mostrou uma evolução do personagem e mostrou que ele também não é só superar seus limites e ser cada vez mais forte. Ele podia inclusive ter deixado o Sanji fazer aquilo, teoricamente eles não se gostam, o Zoro do começo talvez deixasse, mas o Zoro de Thriller Bark não poderia se dar ao luxo de sacrificar um de seus companheiros, mesmo que fosse o Sanji - e o Sanji agiu da mesma forma, desisitindo do seu sonho pelo do Zoro, e isso demonstra muito um amadurecimento de ambos e inclusive essa questão do Sanji querer resolver tudo sozinho - que todos pensam que se odeiam, mas é muito mais uma questão de rivalidade entre dois caras extremamente orgulhosos. Ou seja, o próprio Zoro tem momentos que pra mim são muito melhores que esse, momentos que de fato acabam me emocionando, esse igual o do capitulo 1009 onde o "Zoro tankou" foi apenas masturbação visual de Battle Shonen. É lógico que a gente gosta, se não eu não leria 40 mangás por semana do gênero, mas no que tange toda a obra eu acho pobre.

E tem o segundo ponto, que pra mim é bem mais grave: O Haoshoku. A presença desse poder na obra, já me causa certo desconforto, "o poder que os destinados a grandes feitos têm". Isso volta naquele papo de determinismo que eu citei no meu último texto. Eu não gosto desse conceito, ainda mais em One Piece, uma obra sobre liberdade. Eu quero que o Luffy seja o Rei dos Piratas porque foi inspirado pelo Shanks, e sua personalidade fez com que ele ganhasse aliados poderosos e do seu próprio esforço junto de seus amigos ele chegou lá. Não porque ele é filho do Homem mais procurado do mundo, ou neto do herói da marinha, ou por ter D. no nome ou até por ter um poder especial. Mas tudo bem, eu consigo aceitar, já que o Doflamingo e a Hancock tem o mesmo poder e não vão ser o Rei/Rainha dos piratas (ou vão?). Mas no Zoro, o Zoro nada mais é que um cara de cabelo verde que queria ser o mais forte, ele é um homem comum, e mesmo sendo um homem comum, ele treinou, se esforçou e tá ai, entre os grandes do mundo contribuindo e inclusive ferindo o Kaidou. Eu teria vibrado muito mais se a desculpa fosse simplesmente o que o próprio personagem falou "Eu só dei tudo de mim pra tentar te derrotar". Não por ele ter Haoshoku, ou por ele tar com a espadinha mágica do Oden, mas por ele vir fazendo o que pode pra se tornar mais forte. E aí é aquilo, o determinismo, eles estarem destinados a isso, e não por favor, não faz isso comigo, o que destruiu Naruto foi isso, não façam o mesmo com One Piece de verdade, eu quero que as ações e a vontade dos personagens, numa obra falando sobre liberdade e fazer o que quer tragam estes resultados, e não estar previamente destinado a isso por alguma força superior.

Enfim, dito isso, fica aqui o motivo de esse momento tão ÉPICO e foda do Espadachim de cabelo verde, acabou sendo só mais uma cena legal, e não algo que me contou uma história bacana.

sábado, 27 de fevereiro de 2021

A grande apoteose do milésimo capitulo de One Piece

Pois é, 1000 capítulos, cá estamos nesse ponto, onde a partir de agora One Piece não tem centenas, mas sim milhares de capítulos. Isso por si só seria muito significativo, mas não basta apenas um número para um rei demonstrar seu verdadeiro poder. O milésimo capitulo do mangá - que por sinal não foi lançado oficialmente - é sem duvida um dos mais simbólicos, e hoje eu to aqui pra explicar porque.


No capítulo 998, tivemos uma surpresa que acredito que muitos fãs, assim como eu, torceram o nariz: “quer dizer que a grande surpresa e hype do capitulo 1000 vai ser algo relacionado ao Ace?”. Sim, o Ace é um personagem legal, importante para o mundo e para o andamento da história, afinal, a culpa do timeskip existir foi dele. Porém, o Ace já morreu, já era coisa do passado, e uma das poucas pontas soltas que deixou - se não a única - foi sua passagem por Wano, e por mais que todos estivéssemos interessados nisso, principalmente agora que conhecemos o Yamato, eu duvido que alguém acreditava que esse seria o grande Hype para o capitulo mil. Então quando tivemos o cliffhanger na última página dupla do capitulo 998, muita gente não gostou, muita gente fez piada e meme brincando com a situação, e até eu, que não estava muito empolgado para esse grande evento - ou pelo menos, estava tentando não estar - me decepcionei, e é claro, quebrei a cara, a presença do Ace nesses últimos três capítulos é extremamente simbólica, e não só isso, toda a sequencia dos últimos capítulos é simbólica, e mais do que isso, ela é coerente com um dos principais conceitos que guia o mangá: O propósito herdado.

O capítulo 100 de One Piece - sim a 900 capítulos atrás - que foi lançado em 9 de Agosto de 1999, quando eu não tinha sequer um ano de idade e que se chama “A lenda começa” abre com uma frase do infame Rei dos Piratas, chamado naqueles tempos longínquos de Gold Roger, que trata exatamente sobre isso, e ela é a seguinte: “Essas coisas não podem ser impedidas. Uma determinação herdada. O sonho das pessoas. O vai e vem das marés das eras. Enquanto as pessoas almejarem por liberdade, essas coisas existirão”. E que frase espetacular que o Oda escolheu para abrir o centésimo capitulo do mangá, afinal, está frase guia toda a história, não só tematicamente, como narrativamente. Ela fala de liberdade, propósito herdado, sonho das pessoas e todos esses são grandes motes da saga (quem aí não se arrepia quando relembra do Barba Negra dizendo que “os sonhos das pessoas não tem fim”?), além de que, essas 3 coisas são o que guiam o formato do mangá. Se você quiser uma explicação bem legal e detalhada sobre isso, tem um vídeo do Matheus do canal All Blue que explica isso muito bem, detalhe, esse vídeo é de mais de 6 anos atrás.

Se você não estiver interessado em ver o vídeo por qualquer que seja o motivo, eu dou uma resumida. A fórmula de One Piece não é segredo pra ninguém: chega numa ilha, essa ilha passa por uma opressão, os protagonistas se dividem, rola muita bagunça e porrada no meio do caminho, flashback triste de alguém, lutas dos protagonistas secundários contra os vilões secundários e encerra numa grande luta contra o vilão final por parte do Luffy, e no epílogo tem uma festa e uma fuga conturbada. Sim, isso todo mundo conhece, mas por incrível que pareça, as pessoas não conhecem uma outra fórmula, que é baseada na frase do Roger do capítulo 100. Tudo é baseado em 1- o sonho de uma pessoa, 2- O tempo passar, 3- O propósito herdado. Duvida? O Hiluluk tinha o sonho de curar todas as doenças, morreu sem realiza-lo, entretanto anos após sua morte, seu filho adotivo, Chopper, herdou este propósito e saiu para o mar. O Zeff sonhava em encontrar o All Blue, sem sucesso, sua vida como pirata acabou de maneira trágica, porém ainda assim conseguiu criar o Sanji, que herdou seu propósito anos a frente. A Kuina sonhava em se tornar a maior espadachim do mundo, morreu sem conseguir, com isso Zoro ainda hoje, anos a frente continua em busca do propósito herdado de sua amiga, para que ela escute o nome dele chegar aos céus. E se você acha que isso é só com os protagonistas, bem: Calgara e Norland ao se despedirem, prometeriam que se reencontrariam, Calgara tocaria o sino de Shandora para que seu amigo nunca se perdesse no caminho. Infelizmente, esse reencontro não aconteceu, Jaya foi enviado aos céus e dominada pelo povo de Skypea, onde Calgara passou a vida lutando para retoma-la e tocar o sino simbolizando que a ilha estava no céu, e Norland nunca conseguiu a encontrar novamente, tendo sido executado e chamado de mentiroso o resto da vida por isso. Seus descendentes, Wiper e Cricket, 400 anos mais tarde, ouviram o sino novamente sendo tocado por Luffy. Wiper cumprindo a promessa de seu ancestral, e Cricket provando que o dele não era um mentiroso. E até mesmo agora em Wano, onde Oden sonhava com a abertura de seu país e morreu sem ver isso acontecendo, então 20 anos a frente, seus retentores, seus filhos, o Luffy e até o filho de seu assassino estão lutando para isso. E essas fronteiras abertas, tem algo a mais, elas envolvem o propósito do Joy Boy herdado pelo Roger, e que será herdado pelo Luffy. Enfim, eu poderia dar diversos exemplos, mas acho que vocês já sacaram a idéia né? O vídeo é bem interessante, ele aborda bem esse tema, e faz uma teoria sobre o sonho do Joy Boy e como ele se relaciona com o final do mangá, mas por hora, isso não é relevante.



Tá bom, mas onde entra o Ace nessa história toda? Ok, não sei se vocês se lembram, mas um dos motivos do Barba Branca ter feito toda a merda que fez em Marineford, foi pelo fato dele acreditar que quem herdaria o propósito do Roger seria o Ace, afinal, quem melhor que o próprio filho do Rei dos piratas para herdar o sonho dele? Ele fez uma aposta na nova geração, tal qual o Shanks fez com seu braço ao sacrifica-lo pelo Luffy, porém diferente do ruivo, ele apostou de forma errada. E no final de sua vida, quando ele dá aquele discurso fantástico, falando sobre o que? Exatamente, propósito herdado, ele fala para o Barba Negra que não é ele quem o Roger espera, que o propósito do Roger será herdado por outra pessoa, e um homem com o peso de gerações nas costas vai encontrar o tesouro e desafiar o mundo, e por isso ele dá sua declaração final dizendo que o One Piece existe, para que a próxima geração se inflame novamente, tal qual fizeram quando o Roger em sua execução iniciou A Grande Era dos Piratas. E agora, quase 500 capítulos após o discurso do Barba Branca, 1000 capítulos após a fala do Roger ser dita em páginas para o mundo a primeira vez, Yamato, o fã número 1 de Oden e filho de seu algoz, Kaidou, em conversa com o Momonosuke, o filho mais velho do próprio Oden, que nasceu no navio do Newgate e esteve no Oro Jackson, diz que acreditava quem quem herdaria o propósito do Roger seria o Ace, assim como o Barba Branca, mas se lembrou da vez em que o Punhos de Fogo contou o sonho de seu irmão mais novo, de se tornar o Rei dos Piratas, e percebeu quem de fato herdou o propósito do Roger, e mais ainda diz a frase do Oden “Daqui a mais de 20 anos a próxima geração de piratas liderará a próxima era. Eles chegarão no Novo mundo. E se eu morrer então serão eles a derrotar o Kaidou”. SIM CARALHO, SIM! Puta merda, me arrepiei e chorei umas 3 vezes nesse parágrafo. Cá estamos nós, diante do capitulo onde a nova geração está de frente com o Kaidou. Não estamos falando só do Luffy; Kidd e Law, seus maiores rivais estão juntos dele, Zoro seu braço direito, e Killer o braço direito do Kidd também, os 5 principais supernovas, que estavam juntos quando o Luffy acertou em cheio a cara de um Dragão Celestial, hoje se encontram para enfrentar os dois imperadores, porque o Kaidou não está sozinho, a Big Mom está junto. Nada, NADA é mais representativo que isso. Kaidou e Big Mom fizeram parte da tripulação do Xebec, que foi dissolvida após ser derrotada pelos esforços em conjunto do Roger e do Garp, o pai do Ace e o avô do Luffy respectivamente. Há 99 capítulos atrás, no 901, o Morgans comemorava a fuga do Luffy do território da Big Mom, afinal ele acreditava que o garoto do chapéu de palha fosse um candidato de primeira a herdar o trono, ele pensava que o próximo Rei, seria alguém da pior geração. Há 199 capítulos atrás, no 801, o Doflamingo fazia o discurso de abertura da grande batalha pelo trono que viria a ocorrer nos mares, agora que ele, aquele que controlava as feras do mundo, estava fora do jogo, ele questionava quem seria o próximo Rei, os schichibukai? Os Imperadores? Ou os “pirralhos da pior geração? E agora os principais pirralhos da Pior Geração estão de frente com os Imperadores, prestes a travar a batalha decisiva. Afinal, com a queda de Kaidou e da Big Mom, o mundo de One Piece, que estava em um certo equilíbrio, vai romper de vez, as tais engrenagens que o Law a pouco mais de 300 capítulos atrás falou que estava destruindo. Como será tudo? Como Luffy, Law e Kidd serão vistos em relação a isso? E seus outros rivais? Hawkins e Apoo que também estão em Wano ou Urouge, como o Barba Negra e o Shanks vão agir? E a marinha e o Governo Mundial, os revolucionário? Enfim, o equilíbrio será desfeito, dois imperadores cairão, e quem vai derrubar vão ser os jovens que liderarão a nova geração de piratas.

Tudo isso seria perfeito, lindo e maravilhoso, mesmo que no discurso do capítulo 999 o Yamato cite destino, e isso me cause uma repulsa gigantesca. One Piece é sobre liberdade, vai ser uma merda se o motivo do Luffy ser o Rei dos Piratas for ser neto do Herói da Marinha, ou filho do Homem mais Procurado do Mundo, ou irmão de criação do filho do Rei dos Piratas, ou sequer porque seu sobrenome tem D. no meio. Isso seria horrível, iria contra todos os conceitos básicos da obra, e aparentemente é o que deve rolar. O mesmo erro de Naruto. Eu quero que o Luffy seja o Rei dos Piratas, porque herdou o propósito do Roger ao ouvir o Shanks contar as histórias e suas aventuras para ele. Sim o Shanks faz parte dessa equação também, sim desde o capítulo 1, mais de 23 anos atrás. Mas que seja, eu não quero me preocupar com isso agora, quando o Oda fizer essa cagada, eu venho aqui e faço outro texto sobre. Eu quero falar sobre como toda essa simbologia foi perfeita, mas tem um plus. O Kinemon, em nome dos retentores de Oden, após ser derrotado pelo Kaido, chora de vergonha e pede que o Luffy carregue o fardo, ou melhor, herde o propósito do Oden e do país de Wano, e tudo isso enquanto o Kaido e a Big Mom estão querendo mostrar sua superioridade, desafiando o Luffy a falar na cara deles o que ele tinha dito em outras oportunidades, longe e em segurança. E ele faz, ele salva seus amigos, desvia do porrete do Kaidou, e acerta um soco na cara dele reafirmando quem ele é. Ele é Luffy do Chapéu de Palha, aquele que superará ambos e o único que vai se tornar o Rei dos Piratas. 

Por fim, eu tenho um carinho especial por esse capítulo que creio que quase ninguém de todo o fandom mundial tem. O soco do Luffy no Kaido. O que quero dizer? Sim, todo mundo se arrepiou com esse soco, não estou dizendo que sou exclusivo por isso, MAS, lá por meados de 2012/2013, quando eu vi o Luffy usando o Red Hawk e depois o Elephant Gatling Gun na ilha dos homens peixes, eu fantasiei com uma fusão desses dois golpes, que eu tomei a liberdade na época de chama-lo de Gomu Gomu no Meteor Rain. Bom, anos se passaram, e isso nunca aconteceu, eu jurava que seria essa técnica que derrubaria o Doflamingo, e não foi. Porém ela veio agora, pra derrubar o Kaido, e com toda a simbologia do Ace, afinal as técnicas de fogo do Luffy são uma grande homenagem a seu irmão mais velho, e aqui está ele, usando-a, herdando o propósito dele quando esteve em Wano e prometeu que retornaria para derrotar o Kaido. Simplesmente perfeito. Lógico, eu pensava em uma chuva de meteoros, não um só. Mas, eu sei que ele existe, mesmo que o Luffy nuca use, eu sei que ele PODERIA, e isso pra mim já é suficiente.


Enfim, eu encerro esse texto com um pedido ao Oda, que com certeza está lendo. Oda, nós chegamos no capitulo 1000, ele foi perfeito, não tem como descrever melhor. Mas agora para com a correria, dois capitulos atrás, você nos deu um gostinho de mashups das lutinhas que a gente tanto quer, a história já está no ponto que você queria no capitulo 1000, então agora relaxa, de pra gente 1/2 capítulos de porradinha desses personagens, por favor, eu quero ver a Pior Geração esmurrando esses velhos imperadores, mas eu também quero ver os outros personagens tendo suas lutinhas. É isso, fica o pedido, e daqui pra frente sigo em abstinência, afinal, capítulo novo, só pro meio de Janeiro talvez e depois de um capítulo como esse fica difícil segurar a ansiedade.